Wednesday, April 26, 2006

Quatro Paredes Brancas


Quatro paredes brancas preenchem partes dos meus dias...dias...e mais dias...
Não totalmente brancas, pois por toda a parte pequenos momentos cruzam-se no meu olhar.
A mais pequena imagem, a mais silenciosa palavra, abrilhantam um pouco mais o branco destas paredes gastas pelo tempo.
São estas quatro paredes as prisioneiras dos meus sentimentos...dos meus olhares.
E se eu as pintasse? Lhes ensinasse as cores? Lhes avivasse os dias?
Mas não. Aqui não há nada...nem sei se consciência existe...
E quando cai a noite, o branco escurece, e fracas luzes o iluminam, o reconforto mantem-se.
Fechada num mundo só meu.
Passam os dias...dias...e mais dias.
Tenho os momentos de criança espalhados...
Tenho os planos futuros espalhados...
Tenho pedaços meus espalhados...
Nestas paredes brancas...
Existe, contudo,uma janela que me mostra o mundo lá fora, mas que por diferenciados motivos, ou por força maior, ou seja lá pelo que for, não me apetece ver.
Deixo-me ficar.
Deitada no meu quarto, penso...
Vivo a pressa.
Por vezes, penso até que nasci à pressa.
Antes de tempo. Para ver o que não queria.
Para cair aos trambolhões.
Para viver à pressa.
Para contar o tempo, para o deixar passar, como se de grãos de areia se tratassem, que agora caem entre os meus dedos.
Sonho, durmo, vivo...à pressa.
Mas estas quatro paredes brancas, repletas de olhares utópicos, guardam os momentos.
Aqui não há tempo. Nem passado, nem futuro, nem noção de outro qualquer.
Aqui há a pausa contínua...
pequenas marcas de olhares ou palavras que aqui dentro ficaram.
Guardada pelas quatro paredes brancas, gastas pelo tempo que AQUI não passou.